Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Portugal - Novo Banco cria marca NB Cultura para partilhar o seu património cultural com os portugueses



O Novo Banco anunciou em cerimónia no Museu dos Coches, a criação formal da marca NB Cultura, um projecto que reflecte o seu compromisso e do Estado, através do Ministério da Cultura, de preservar, promover e partilhar com a sociedade portuguesa o seu relevante património cultural e artístico, através de parcerias com entidades públicas e privadas, como museus e universidades, de âmbito nacional e regional.

O primeiro protocolo, assinado esta segunda-feira entre o Novo Banco e a Direcção Geral do Património Cultural, constitui o início de um processo, e servirá de referência para esta estratégia de preservação e fruição pública da colecção NB.

Pintura

A pintura a óleo do séc. XVIII, “Entrada Solene, em Lisboa, do Núncio Apostólico Monsenhor Giorgio Cornaro”, que a partir de agora ficará exposta em permanência no Museu Nacional dos Coches, através de um contrato de depósito, é considerada a obra mas importante do núcleo de pintura do NB.

A obra representa um raro e importante registo iconográfico que nos dá a conhecer um cortejo seiscentista que inclui coches, e liteiras, semelhantes aos que estão expostos no Museu. A exposição desta obra no ambiente escolhido fomenta um diálogo entre vários tipos de peças artísticas, contextualizando-as e permitindo aos públicos um maior conhecimento sobre a época em questão.

Colecção

O Novo Banco cria assim a marca NB Cultura, reunindo sob um único conceito toda a colecção, com o objectivo último de preservar e divulgar o seu vasto património, assente em quatro pilares:

Colecção de Pintura – Conjunto de mais de 90 obras relevantes de pintura portuguesa e europeia de várias épocas;

Colecção de Fotografia Contemporânea – Entre as melhores colecções empresariais do mundo;

Biblioteca de Estudos Humanísticos – Das mais valiosas bibliotecas particulares especializadas em estudos humanísticos;

Colecção de Numismática – Uma das maiores e mais completas colecções de numismática portuguesa.

No que respeita à colecção de Pintura do Novo Banco será concretizado um programa de depósito descentralizado da colecção de pintura, colocando à fruição pública 97 obras de relevante valor artístico, em vários museus espalhados pelo território nacional.

O Novo Banco destaca:

Obras dos séculos XVI e XVII (Os Financeiros – pintura de meados do século XVI atribuída a Quentin Metsys; A Torre de Babel – pintura de meados do século XVII da Escola Flamenga; ou a Entrada em Lisboa do Núncio Apostólico Georgio Cornaro – pintura de finais do século XVII).

Pintura estrangeira de finais do século XVIII, onde se destacam as paisagens de Jean Baptiste Pillement, nomeadamente uma interessante representação de um dos momentos que seguiram o naufrágio do navio de guerra San Pedro de Alcântara, nas falésias da Papoa, em Peniche.

E obras os séculos XIX e XX: destacando-se no núcleo de pintura portuguesa, obras de mais de trinta autores entre os quais: António Silva Porto, José Malhoa, Artur Loureiro, Júlio Sousa Pinto, Eduardo Malta, Júlio Pomar, Júlio Resende, Eduardo Viana, Maria Helena Vieira da Silva, Manuel d’Assumpção, Carlos Botelho, Manuel Cargaleiro, Mário Dionísio, Nikias Skapinakis, Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro, Graça Morais, Pedro Croft, entre outros.

O núcleo conta ainda com um conjunto de 4 relevantes Portulanos – Mapas antigos dos portos conhecidos. In “Agricultura e Mar Actual” - Portugal

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Madeira - Registo de navios elogiado na Alemanha

O crescimento do MAR no mercado alemão ajudou a Alemanha a manter as condições para continuar a aplicar o seu regime de taxa de tonelagem. De outra forma, dificilmente estariam cumpridos os requisitos da UE para manter este regime, considerado uma ajuda de Estado



De acordo com analistas citados pelo THB – Deutsche Schifffahrts-Zeitung, um jornal de referência para os armadores alemães, o Governo alemão e a associação dos armadores germânicos devem um “grande obrigado” a Portugal por contribuir para que a Alemanha mantenha 45,6% da sua frota a navegar com bandeira da União Europeia (UE), essencial para que o país possa manter o regime de incentivos públicos do seu regime de taxa de tonelagem, ou tonnage tax.

Atendendo a que este regime é considerado uma ajuda de Estado pela UE, “sem Portugal, seria muito difícil à Alemanha continuar a justificar a manutenção da tonnage tax”, referem os analistas, numa alusão às regras europeias, que o país não seria capaz de cumprir se tivesse uma frota com pavilhão europeu menor do que a actual. O que não seria difícil, dado que tem existido uma tendência decrescente entre os navios com pavilhão germânico, cujo número caiu 1,2% em 2017, para 325, refere o jornal.

Todavia, graças ao crescimento do Registo Internacional de Navios da Madeira (MAR) no mercado alemão (12%), contribuindo até para que o pavilhão português fosse o único da UE a crescer naquele país, a Alemanha conseguiu manter-se dentro das regras que permitem a adopção da tonnage tax. Um facto exponenciado pelo Brexit, de que resultará a saída de Gibraltar e do seu registo de navios do espaço europeu. O jornal refere, a propósito, que no final de 2017 apenas 60 navios detidos por alemães permaneciam no registo de Gibraltar, menos 25% do no ano anterior.

Do mesmo modo, refere o jornal alemão, também Malta perdeu navios em 2017, tal como Luxemburgo. E Chipre permaneceu com o mesmo número.

Este impacto do registo de navios madeirense vem ao encontro “daquilo que a European International Shipowners Association of Portugal (EISAP) vem defendendo desde sempre, ou seja, de que o MAR é uma ferramenta essencial para o projecto europeu naquilo que ao shipping diz respeito”, afirma Gonçalo Santos, porta-voz da associação.

“Na óptica dos armadores europeus, o Registo Internacional de Navios da Madeira tem contribuído, talvez como nenhum outro, para que os navios detidos ou controlados por empresas europeias continuem a navegar com pavilhão da UE e para que muitos navios que estavam registados em espaço não europeu regressem ao seio da União”, continua Gonçalo Santos, acrescentando que “nesse sentido, o MAR é de extraordinária importância para que os objectivos enunciados pela Comissão Europeia – 60% dos navios europeus devem navegar com pavilhão europeu – se cumpram na plenitude”. In “Jornal da Economia do Mar” - Portugal

São Tomé e Príncipe – Guarda Costeira e Marinha portuguesa retomam comunicação rádio

A primeira comunicação radio-HF (High Frequency) em fonia, entre a Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe e a Marinha portuguesa, interrompido há mais de 40 anos, realizou-se sexta-feira, às 13h45, hora de Lisboa.

Esta primeira comunicação, inserida no âmbito da missão de capacitação da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, assinala o marco de funcionamento da estação de rádio “Almada Negreiros” da base operacional da Guarda Costeira de São Tomé e Príncipe, explica um comunicado da Marinha.

“Esta capacidade constitui uma mais-valia para a coordenação de meios de busca e salvamento marítimo e para a coordenação das missões de vigilância patrulha nas águas são-tomenses e da região do Golfo da Guiné”, adianta o mesmo documento.

Mensagem em rádio tele-impressão

Foi igualmente realizada a primeira mensagem em rádio tele-impressão, recebida na estação “Almada Negreiros” a partir do Centro de Operações Marítimas da Marinha (COMAR).

Relembre-se que o navio reabastecedor “Bérrio” e a patrulha “Zaire” partiram para São Tomé e Príncipe no passado dia 3 de Janeiro. O “Bérrio” transportou a bordo diverso material e equipamentos que têm como objectivo principal capacitar e apoiar a Guarda Costeira de STP.

A equipa de instalação da Marinha Portuguesa concluiu na quinta-feira a montagem de duas antenas que permitem a partir de agora estabelecer comunicações rádio de voz cobrindo toda a Zona Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe e comunicar directamente para Portugal.

Operações de mergulho

Simultaneamente, tem decorrido outras actividades levadas a cabo pela equipa de instalação do patrulha “Zaire”, nomeadamente a avaliação das condições de atracação no porto de Neves, na costa Norte da ilha, onde foram realizadas operações de mergulho, recolha de informação sobre as profundidades no local (sondagens), recolha de imagens e contactos com população local. João Borges – Portugal in “Agricultura e Mar Actual” 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Guiné-Bissau - Director executivo da Tiniguena considera ilegal exportação de 1500 contentores de madeira

Bissau – O Director Executivo da ONG Tiniguena considerou de ilegal a decisão do governo de exportar os 1500 contentores de madeiras apreendidas desde 2015.

Miguel de Barros, activista de exploração racional e sustentável do meio ambiente, que falava em conferência de imprensa disse que não foi revelado o volume financeiro, nem os investimentos sociais que serão feitas nas zonas exploradas, afirmando que são regiões onde a população faz lavoura, rituais sagrados, recolhe ervas medicinais e frutas para consumo ou fins comerciais.

Explicou que o corte “desenfreado” de madeira feita em 2012 não respeitou nenhuma lei sobre a exploração, comercialização, transporte e qualquer medida compensatória em relação a exploração dos recursos naturais.

Acrescentou que em relação à sustentabilidade, o governo não produziu nem inventário, medição de zonas e selecção de essências para a corte de madeira. “Tudo foi feito de uma forma anárquica, selvagem e criminosa”, criticou referindo-se à exploração florestal praticada anos atrás.

“É do conhecimento de todos a existência de uma moratória que proíbe cortes de espécies raras nas florestas durante cinco anos,” sublinhou, tendo solicitado à entidade responsável para apresentar documento sobre o investimento público ou regeneração que serão realizadas nas zonas exploradas.

A prosseguir com esta decisão, o governo, estaria a proteger e salvaguardar os interesses particulares dos que agrediram a floresta, usurpando os recursos das comunidades.

Explicou que esta não é a primeira vez que o governo tenta exportar a madeira apreendida, disse que as tentativas anteriores resultaram infrutíferas uma vez que os produtos foram apreendidos em Espanha, África do Sul e Vietnam, este ultimo país que, a par da China e Índia, são agora os destinos dos 1500 contentores com madeiras prontos para serem  comercializados no exterior.

Antes de ser demitido o executivo autorizou a venda ao exterior dos referidos 1500 contentores de madeira apreendidos por corte ilegal. In “Agência de Notícias da Guiné” – Guiné-Bissau

domingo, 28 de janeiro de 2018

Deixa-me rir












Vamos aprender português, cantando


Deixa-me rir
essa história não é tua
falas da festa, do sol e do prazer
mas nunca aceitaste o convite
tens medo de te dar
e não é teu o que queres vender

Deixa-me rir
tu nunca lambeste uma lágrima
desconheces os cambiantes do seu sabor
nunca seguiste a sua pista
do regaço à nascente
não me venhas falar de amor

Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
domingo sabe de cor, o que vai dizer
segunda-feira

Deixa-me rir
tu nunca auscultaste esse engenho
de que falas com tanto apreço
esse curioso alambique
onde são destilados
noite e dia o choro e o riso

Deixa-me rir
ou então deixa-me entrar em ti
ser o teu mestre só por um instante
iluminar o teu refúgio
aquecer-te essas mãos
rasgar-te a máscara sufocante

Pois é, pois é
há quem viva escondido a vida inteira
domingo sabe de cor, o que vai dizer
segunda-feira


Jorge Palma - Portugal


sábado, 27 de janeiro de 2018

OIT - Desemprego e défice de trabalho decente continuarão altos em 2018

Apesar da taxa de desemprego global estar se estabilizando, o desemprego e os défices de trabalho decente permanecerão em níveis altos em muitas partes do mundo, afirma novo relatório da OIT



À medida que a economia global se recupera num contexto de crescimento da força de trabalho, projeções indicam que em 2018 o desemprego global deverá permanecer em um nível semelhante ao do ano passado, segundo um novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançado hoje.

De acordo com a publicação "Perspectivas Sociais e de Emprego no Mundo: Tendências 2018", a taxa de desemprego global se estabilizou após um aumento em 2016. As projeções indicam que a taxa chegou a 5,6% em 2017, o que representa mais de 192 milhões de pessoas desempregadas no mundo.

À medida que as perspectivas econômicas globais de longo prazo permanecem modestas – apesar do crescimento mais forte do que o esperado no ano passado – o relatório atribui a tendência positiva entre 2016 e 2017 principalmente ao forte desempenho dos mercados de trabalho de países desenvolvidos, onde projeta-se que a taxa de desemprego cairá em 0,2 pontos percentuais adicionais em 2018, atingindo 5,5%, uma taxa abaixo dos níveis anteriores à crise.

Em contrapartida, apesar do crescimento do emprego ter melhorado em comparação com 2016, espera-se que ele seja inferior ao crescimento da força de trabalho nos países emergentes e em desenvolvimento.

"Embora o desemprego global tenha se estabilizado, os déficits de trabalho decente continuam generalizados e a economia global ainda não está criando empregos suficientes. Esforços adicionais devem ser implementados para melhorar a qualidade dos empregos para os trabalhadores e assegurar que os ganhos de crescimento sejam compartilhados de forma equitativa", afirmou o Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder.

Emprego vulnerável aumenta e ritmo de redução da pobreza entre trabalhadores desacelera

O relatório destaca o fato de que o progresso significativo alcançado no passado na redução do emprego vulnerável está paralisado desde 2012. Estima-se que cerca de 1,4 bilhão de trabalhadores estavam em empregos vulneráveis em 2017 e que outros 35 milhões deverão se juntar a eles até 2019. Nos países em desenvolvimento, o emprego vulnerável afeta três em cada quatro trabalhadores.

Um ponto positivo observado pelo relatório é que a quantidade de trabalhadores vivendo abaixo da linha da pobreza continua a cair em países emergentes, onde o número de trabalhadores vivendo em extrema pobreza deverá chegar a 176 milhões em 2018, ou 7,2% de todas as pessoas empregadas.

"No entanto, nos países em desenvolvimento o progresso na redução do número de trabalhadores vivendo abaixo da linha da pobreza é muito lento para acompanhar a expansão da força de trabalho. Espera-se que o número de trabalhadores que vivem em extrema pobreza permaneça acima de 114 milhões nos próximos anos, afetando 40% de todas as pessoas empregadas em 2018", explica o economista da OIT Stefan Kühn, principal autor do relatório.

Os autores também destacam o fato de que as taxas de participação das mulheres no mercado de trabalho permanecem bem abaixo das taxas masculinas. As mulheres também são mais propensas a ter empregos de qualidade inferior e salários mais baixos.

Mudanças estruturais e envelhecimento aumentarão as pressões sobre o mercado de trabalho

Considerando as mudanças na composição setorial do emprego, o relatório observa que os empregos no setor de serviços serão o principal motor do crescimento do emprego no futuro, enquanto os empregos nos setores agrícola e industrial continuarão a diminuir. Uma vez que o emprego vulnerável e informal é predominante na agricultura e nos serviços de mercado, as mudanças nos empregos projetadas em todos os setores podem ter um potencial limitado para reduzir os déficits de trabalho decente, se não forem acompanhadas de fortes esforços políticos para aumentar a qualidade dos empregos e a produtividade no setor de serviços.

O relatório também analisa a influência do envelhecimento da população e conclui que o crescimento da força de trabalho global não será suficiente para compensar a rápida expansão do grupo de aposentados. Segundo projeções do relatório, a média de idade dos trabalhadores irá aumentar de pouco menos de 40 anos em 2017 para mais de 41 em 2030.

"Além do desafio que um número crescente de aposentados cria para os sistemas de pensão, uma força de trabalho cada vez mais velha também deve ter um impacto direto nos mercados de trabalho. O envelhecimento pode reduzir a produtividade e diminuir os ajustes do mercado de trabalho após choques econômicos", avisa o Diretor Interino do Departamento de Pesquisa da OIT, Sangheon Lee.

Principais conclusões regionais

América Latina e Caribe:

A previsão é de que a taxa de desemprego diminua apenas marginalmente, passando de 8,2% em 2017 para 7,7% até 2019.

Considerando que a taxa de desemprego regional chegou a 6,1% em 2014, a região ainda está longe de se recuperar completamente das perdas de emprego dos últimos anos.

Norte da África:

A taxa de desemprego deve diminuir de 11,7% em 2017 para 11,5% em 2018.

O número de desempregados permanece estável em 8,7 milhões, em meio ao forte crescimento da força de trabalho.

A região apresenta a maior taxa de desemprego no mundo, impulsionada por grandes lacunas nos grupos de jovens e mulheres, que estão significativamente sobrerrepresentados entre os desempregados.

África Subsaariana:

A taxa de desemprego deve atingir 7,2%, permanecendo essencialmente inalterada.

O número de desempregados deve aumentar em um milhão devido aos altos níveis de crescimento da força de trabalho da região.

Mais de um em cada três trabalhadores vive em condições de extrema pobreza, enquanto quase três em cada quatro trabalhadores estão em empregos vulneráveis.

América do Norte:

O desemprego provavelmente diminuirá de 4,7% em 2017 para 4,5% em 2018, impulsionado por uma queda nas taxas de desemprego no Canadá e nos Estados Unidos.

Estados Árabes:

As condições do mercado de trabalho devem permanecer relativamente estáveis, com a queda da taxa de desemprego regional projetada para diminuir ligeiramente para 8,3% em 2018 e voltar a aumentar em 2019.

Como resultado, quase cinco milhões de pessoas estarão desempregadas em 2018, com as mulheres representando quase um terço desse grupo, apesar de representarem apenas 16% da força de trabalho regional.

Ásia e Pacífico:

O desemprego deve permanecer baixo pelos padrões internacionais e bastante estável em 4,2% durante todo o período de projeção, devido principalmente ao fato de que a região deve continuar a criar empregos rapidamente.

O número de pessoas empregadas deve aumentar em cerca de 23 milhões entre 2017 e 2019.

O emprego vulnerável afeta quase metade de todos os trabalhadores na região, ou seja, mais de 900 milhões de pessoas.

Norte, Sul e Oeste da Europa:

Graças a uma atividade econômica melhor do que o esperado, prevê-se que a taxa de desemprego tenha diminuído de 9,2% em 2016 para 8,5% em 2017, a menor desde 2008.

As maiores reduções nas taxas de desemprego, da ordem de dois pontos percentuais, provavelmente serão observadas na Espanha e na Grécia, onde as taxas devem ser de 15,4% e 19,5% em 2018, respectivamente.

A taxa de desemprego também deve continuar a cair em 2018 na Itália, Irlanda e Portugal, mas a um ritmo mais lento do que no período entre 2015 e 2018.

O desemprego deve permanecer estável na França e no Reino Unido, embora no segundo seja esperado um leve crescimento em 2019.

Leste da Europa:

À medida que o crescimento econômico é retomado, a taxa de desemprego deverá diminuir modestamente, de 5,5% em 2017 para 5,3% em 2018.

Isso reflete a queda das taxas de desemprego em países como Polônia, Ucrânia e Eslováquia, parcialmente compensada pela expectativa de aumento do desemprego na República Tcheca.

Ásia Central e Ocidental:

A recuperação relativamente forte do crescimento econômico traduz-se apenas parcialmente na queda da taxa de desemprego regional, que deve permanecer em torno de 8,6% ao longo de 2018 e 2019.

O emprego vulnerável permanece elevado, afetando mais de 30% dos trabalhadores em 2017, mas estima-se que ele diminuirá ligeiramente em 2018 e 2019 (0,6 pontos percentuais).

Metodologia e dados aprimorados

As estimativas globais de desemprego e de trabalhadores vivendo abaixo da linha da pobreza foram revisadas nesta edição do relatório, após melhorias em metodologias de dados e estimativas. Apesar disso, os números ainda são comparáveis e as tendências são consistentes, uma vez que a metodologia melhorada é aplicada a anos anteriores.

"A metodologia melhorada faz parte do contínuo esforço da OIT para tornar os indicadores mais precisos e comparáveis entre países e regiões”, diz o chefe da Unidade de Produção e Análise de Dados da OIT, Steven Kapsos.

Embora o número de pessoas desempregadas tenha sido revisado para baixo em comparação com os dados apresentados na edição anterior do relatório, de 2017, a revisão reflete apenas o uso de dados e estimativas melhorados. Os novos números não refletem uma perspectiva do mercado de trabalho global melhor do que o esperado nem significam que os números de desemprego tenham despencado", explica o economista da OIT Stefan Kühn, principal autor do relatório. Organização Internacional do Trabalho - Brasil


Brasil - Critério na definição de hub ports

No mercado mundial, as grandes empresas armadoras, para se tornarem mais competitivas, têm construído navios cargueiros cada vez maiores e formado joint ventures internacionais que permitem o transporte de cargas de um número cada vez maior de armadores.  Essa é a tendência mundial para a qual o Brasil não está preparado, pois, em razão da deficiência de infraestrutura, não dispõe de muitos portos para receber esses navios.

Em função disso, muitos exportadores não têm acesso a linhas de navegação para determinadas regiões do planeta porque esses megacargueiros não conseguem chegar às regiões onde eles estão instalados. Para tanto, esses exportadores dependem de um transporte doméstico de grandes distâncias – por terra, por mar ou hidrovia -, o que acaba por encarecer demais o produto, deixando-o sem preço competitivo no mercado externo.

Na tentativa de superar essas deficiências, vários portos têm sido erigidos como hubs logísticos, sem que disponham de capacidade para tal. É o caso do porto de Santos, o maior da América Latina e responsável por 27% do comércio exterior brasileiro, que, se dispõe de acessos ferroviário, rodoviário e por cabotagem e está localizado em região próxima aos grandes mercados produtores e consumidores, enfrenta um grande obstáculo para se tornar concentrador de cargas, pois o seu calado de 11,2 metros não permite a entrada de grandes navios transportadores de contêineres, com capacidade de 5 mil a 8 mil TEUs (twenty feet or equivalente unit, ou seja, unidade de 20 pés), pois essas embarcações exigem profundidade de 15 a 16 metros.

A princípio, imaginou-se que um serviço de dragagem poderia levar o canal do estuário a uma profundidade de 15 metros, mas, depois de se gastar muitos milhões de reais, concluiu-se que o calado só poderia chegar a 12,4 metros. Apesar disso, um grupo de trabalho do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil ainda discute uma proposta de privatização da gestão da dragagem do porto, que seria realizada por um consórcio formado por arrendatários, operadores portuários, terminais privados e, possivelmente, pela Companhia  Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

Que existe a necessidade de serviços de desassoreamento dos canais de navegação e dos berços de atracação, não se questiona. O que se exige é que haja mais critério em sua execução, pois, do contrário, continuará a haver o desperdício de recursos públicos e privados para a obtenção de resultados pífios.

É claro que o porto de Santos ainda será importante para a economia nacional por muitos anos, mas não reúne as condições necessárias para se tornar um hub port completo em razão de sua localização geográfica e incapacidade para receber grandes cargueiros, a não ser que seja construído um berço de atracação off shore (avançado no mar), o que exigiria investimentos incalculáveis.  Em melhores condições como portos de águas profundas estão Sepetiba, no Rio de Janeiro, e o Porto Central, em Santa Catarina.

Portanto, é urgente definir quais serão os hub ports brasileiros – pelo menos um na região Sul-Sudeste e outro na região Norte-Nordeste. E a partir daí trabalhar com mais critério. Milton Lourenço - Brasil
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Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC). E-mail: fiorde@fiorde.com.br. Site: www.fiorde.com.br.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

UCCLA - Inauguração da exposição "Artes Mirabilis, Coletiva de Artistas Plásticos Angolanos"



A UCCLA e a Embaixada de Angola em Portugal vão inaugurar no próximo dia 7 de fevereiro, pelas 18 horas, uma exposição de mais de 50 artistas plásticos angolanos e que contará, ainda, com 20 esculturas de grande valor etnográfico, na galeria da sede da UCCLA.

É a primeira exposição que a UCCLA leva a efeito em 2018, homenageando a cultura angolana no início da abertura de um novo ciclo político, económico e social, com os olhos postos no futuro e na entreajuda dos povos de língua oficial portuguesa e nestes, naturalmente, do povo português.



A exposição conta com o apoio de algumas instituições, entre elas a Fundação Berardo, e tem como objetivo divulgar a cultura de Angola, do passado ao presente, assinalando duas datas fundamentais: 4 de Fevereiro (dia do início da Luta armada pela Independência) e o 4 de Abril (Dia da Paz).

A mostra tem como curador o artista plástico angolano Lino Damião.

A exposição estará patente ao público até ao dia 4 de abril, no seguinte horário: de 2.ª a 6.ª feira das 10 às 13 horas e das 14 às 18 horas.


Morada:

Avenida da Índia, n.º 110 (entre a Cordoaria Nacional e o Museu Nacional dos Coches), em Lisboa
Autocarros: 714, 727 e 751 - Altinho, e 728 e 729 - Belém
Comboio: Estação de Belém
Elétrico: 15E - Altinho
Coordenadas GPS: 38°41’46.9″N 9°11’52.4″W


MSP-CONSAN - Reunião de Alto Nível sobre Agricultura Familiar (RANAF)

Participe neste compromisso coletivo pelo desenvolvimento da Agricultura Familiar nos Estados-Membros da CPLP



De 5 a 7 de fevereiro de 2018 terá lugar em Lisboa uma iniciativa que irá juntar diversas entidades representantes do setor agroalimentar para a celebração da Carta de Lisboa pela Valorização da Agricultura Familiar nos Estados-Membros da CPLP.

É importante reconhecer o contributo da agricultura familiar e das comunidades rurais como produtoras de alimentos saudáveis, promotoras de expressões culturais, sociais e de bens públicos que devem ser protegidos e promovidos mediante políticas públicas específicas, diferenciadas e apropriadas.

Este evento acompanha assim um movimento de escala mundial de valorização da agricultura familiar, com o objectivo de estabelecer os princípios orientadores para o seu apoio, promoção e implementação nos Estados-Membros da CPLP, em sintonia com os vários acordos já alcançados, a nível global, no seio do Comité Mundial de Segurança Alimentar. Nesta Reunião de Alto Nível da CPLP sobre Agricultura Familiar, governos, organizações internacionais e atores sociais, que desempenham um papel fundamental na implementação das dinâmicas inerentes à concretização de uma agricultura familiar sustentável, tais como, os Ministros responsáveis pela área da Segurança Alimentar e Nutricional dos Estados-Membros da CPLP, acompanhados pelo Diretor-Geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), pelo Presidente do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) e por representantes de 17 milhões de agricultores familiares, de 500 organizações da Sociedade Civil, de dezenas de representantes dos setores agrícola, agroindustrial e das universidades ou instituições de investigação agrícola da CPLP.

O Mecanismo do Setor Privado do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (MSP-CONSAN) convida-o a integrar este fórum de discussão, assumindo uma participação ativa na elaboração de propostas para os quadros institucionais que regulam as políticas de apoio à agricultura familiar e às comunidades rurais, de forma a promover o seu fortalecimento económico e a sua capacidade para tornar mais sustentáveis os sistemas de produção, comercialização e consumo de alimentos. A iniciativa terá lugar já nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro, na Fundação da Calouste Gulbenkian.

O Programa completo pode ser consultado e descarregado aqui.

Faça a sua reserva e garanta a sua importante contribuição para este compromisso coletivo pelo desenvolvimento sustentável da Agricultura Familiar nos Estados-Membros da CPLP. (Reserva) MSP-CONSAN-CPLP

São Tomé e Príncipe - Consórcio norte-americano e britânico negoceia dois blocos de petróleo

São Tomé – As autoridades petrolíferas são-tomenses e consórcio formado pela britânica British Petroleum “BP” e a norte-americana Kosmos Energy vão iniciar “nos próximos dias as negociações”, visando, a prospeção de dois blocos de petróleo no mar são-tomense – anunciou o director da Agência Nacional de Petróleo, Orlando Pontes.

Através de um comunicado Pontes explicou que a abertura das negociações surge do direito de prospeção adquirido pelo consórcio formado pela britânica Exploration Operating “BP” e pela norte-americana Kosmos Energy que venceu o concurso “restrito” lançado pela Agência Nacional de Petróleo referente aos blocos números 10 e 13 da Zona Económica Exclusiva de São Tomé e Príncipe.

“A Agência Nacional do Petróleo informa que no âmbito do concurso restrito nº1 e 2/2017, relativo aos blocos nº 10 e 13 da Zona Económica Exclusiva de STP, após a avaliação das propostas apresentadas, o consórcio BP Exploration Operating Company Limited e a Sociedade Kosmos Energy saiu vencedor”- lê-se no comunicado.

A Agência Nacional de Petróleo acrescenta em seu comunicado que “dará início nos próximos dias, as negociações com o referido consórcio com vista a assinatura do Contrato de Partilha de Produção de petróleo e gás” dos supracitados blocos petrolíferos.

Numa Zona Económica Exclusiva, ZEE com cerca de 129 mil kms quadrados, repartidos em 19 blocos, São-Tomé e Príncipe prevê efectuar a sua primeira perfuração em 2019 de acordo com os estudos sísmicos da Kosmos Energy, que detém maioritariamente os blocos 5, 6,11 e 12 da zona considerada rica em petróleo e gás. Ricardo Neto – São Tomé e Príncipe in “Agência STP-Press”

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Cabo Verde - Deputado insta o Governo a trabalhar no sentido de o Português ser língua oficial das Nações Unidas

Cidade da Praia – O deputado do PAICV Felisberto Vieira defendeu hoje no sentido de o Português passar a ser língua oficial das Nações Unidas, pelo que este assunto deve constituir “agenda de Cabo Verde” que vai assumir a presidência da CPLP.

O deputado eleito pelas listas do Partido Africano da Independência de Cabo Verde fez esta sugestão durante uma intervenção no período antes da ordem do dia da sessão plenária do Parlamento que está a decorrer na Cidade da Praia.

Vieira pediu à casa parlamentar cabo-verdiana no sentido de “incentivar” o Governo para que durante a presidência de Cabo Verde da CPLP a adopção do Português, como uma das línguas oficiais da ONU, seja uma das “marcas efectivas, fortes e simbólicas”.

O Português, neste momento, é a quinta língua mais falada do mundo e, por isso, o deputado “tamborina“ entende que, ao lado de outras seis línguas estrangeiras de trabalho da ONU, deve, também, fazer parte deste conjunto. In “Inforpress” – Cabo Verde

Portugal - Fios da Inovafil produzem energia térmica e libertam vitamina E

Fios têxteis capazes de transformar a luz solar em energia térmica, fios com libertação de vitamina E e até com capacidade aceleração do processo de cicatrização, eis algumas das inovações da Inovafil, empresa de Famalicão que emprega 115 pessoas



O grupo Mundifios, fundada em 1986 por Joaquim Fernandes e que é a maior "trading" ibérica de fios, investiu em 2015 cerca de 12 milhões de euros na instalação da sua participada Inovafil em Famalicão, onde ocupou parte da unidade fabril (desocupada) da Têxtil Manuel Gonçalves (TMG).

Com 115 pessoas e uma capacidade produtiva de 160 toneladas de fio mensais, 20% das quais têm como destino a exportação directa, a Inovafil fechou 2016 com uma facturação de 15 milhões de euros.

Apostada em elevar a fiação têxtil para um novo patamar, com desenvolvimento e produção de fios inteligentes, diferenciadores e de alto valor acrescentado, tem como meta, a atingir nos próximos anos, dedicar até 50% da sua produção aos têxteis técnicos e funcionais.

"A nossa estratégia é sermos não só moda, mas também desporto, técnicos e funcionais, porque são têxteis que vão deixar de ser um nicho de mercado quando essas funcionalidades começarem a ser introduzidas naquilo que é o nosso vestuário do dia-a-dia", enfatizou Rui Martins, administrador da Inovafil, na sexta-feira passada, 19 de Janeiro, no âmbito de uma visita à empresa realizada pelo presidente da Câmara de Famalicão, Paulo Cunha, lê-se num comunicado da autarquia.

Para corporizar a sua estratégia voltada para a inovação, a Inovafil lançou o Nidyarn – Núcleo de I&D para fios funcionais de elevado desempenho, em colaboração com o 2C2T – Centro de Ciência e Tecnologia Têxtil e a Fibrenamics, ambos da Universidade do Minho, e que visa a investigação e o desenvolvimento de fios de elevado desempenho térmico, mecânico e biológico para aplicação em vestuário "high-tech".

Aquando da visita do presidente da Câmara de Famalicão, a Inovafil apresentou uma série de novos produtos com diferentes propriedades funcionais, como fios resultantes da mistura entre fibras "eco-friendly" combinadas com fibra à base de carbono, capaz de transformar a luz solar em energia térmica, aumentando, assim, a temperatura corporal; fios tendo por base fibra com libertação de vitamina E, retardadores do envelhecimento da pele e com capacidade de aceleração do processo de cicatrização; fios termorreguladores, com capacidade de regular a temperatura corporal, proporcionando excelente conforto a nível térmico; e fios com capacidade de gestão de humidade resultantes de uma tecnologia patenteada: "dri release".

A Inovafil irá apresentar mundialmente a sua nova colecção no final deste mês, em Munique, na ISPO, a principal feira internacional dedicada à área do desporto e "outdoor".

Entretanto, a Inovafil tem vindo também a apostar em soluções sustentáveis na produção de fios com a utilização de matérias-primas ecológicas como urtigas ou algas marinhas.

O grupo Mundifios facturou 82 milhões em 2016 e previa chegar aos 100 milhões no final do último exercício. Rui Neves – Portugal in “Jornal de Negócios”


quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Macau - Carlos Coelho: O “Último Moicano” da Língua Patuá di Macau

A História do último homem que falava o Patuá di Macau como se fosse uma língua viva do cotidiano



Recebi a notícia do falecimento do sr. Carlos Coelho, 64, ocorrido na passada sexta, (19/01/2018) em Macau, antiga possessão portuguesa no sul da China. Ele teve um mal súbito no banheiro (“casa de banho” em português de Portugal). Socorrido pelo filho, Carlos foi levado ao hospital, mas faleceu uma hora depois.

Quem foi Carlos Manuel Gracias Coelho? Era considerado o mais fluente falante de um idioma em vias de extinção: o Patuá di Macau, a língua crioula de base portuguesa com influência de diversos outros idiomas, entre os quais o cantonês.

Eu não o conheci pessoalmente. Eu aqui do Brasil e ele no outro lado do mundo, em Macau, mantínhamos contato pelo facebook. Foi através dessa extraordinária tecnologia que encurtou todas as distâncias, algo impensável até pouco tempo atrás (quem tem mais de 40 sabe exatamente do que estou falando) que o entrevistei para meu livro “Parlons Patuá di Macau”, concluído ano passado, mas ainda em fase de revisão para seu lançamento na França.

Cheguei a Carlos por indicação de Rogério Luz, o jornalista da comunidade macaense em São Paulo, aqui no Brasil.

Pesquisa

Em 2015, viajei a São Paulo ocasião em que conheci pessoal Rogério que mantém o blogue Cronicas Macaenses, com notícias e artigos sobre Macau, a famosa cidade que fora por cinco séculos a possessão portuguesa na China. Em 1999, a cidade foi devolvida à soberania chinesa.

Nascido em Macau, Rogério Luz imigrou para o Brasil na década de 1960 onde reside até hoje em São Paulo. No blogue em questão, Rogério reúne uma verdadeira biblioteca especializada de artigos, crônicas, fotos, filmagens, enfim, documentos dos mais diversos sobre a história de Macau e sua gente. O foco de seu blogue é a comunidade falante de português dessa cidade singular que exerceu por séculos o papel de grande entreposto comercial do ocidente com o oriente.

Na viagem de pesquisa, conheci a Casa de Macau, a escritora de peças de teatro cômicas, Mariazinha Carvalho e o casal Manuel e Yolanda Ramos. O objetivo da entrevista foi reunir dados sobre a língua Patuá di Macau, um raro crioulo de base portuguesa hoje falado por mais ou menos apenas 100 pessoas no mundo.

Sim, Macau tem 600 mil habitantes, destes apenas 8 mil são falantes de português numa região dominada pelo cantonês, como se chama o chinês do sul daquele país, diferente do mandarim, a língua oficial. Dos oito mil falantes de português na região, há por volta de apenas 100 falantes do crioulo, um idioma em que o português misturou-se com o cantonês, malaio, inglês, entre outras contribuições.

Na pesquisa, eis que cheguei a Carlos Coelho.

Resgate

Aqui não tem o objetivo de contar toda a história do patuá. Aguardo com ansiedade o término da revisão de meu livro e a publicação da obra pela editora L´Harmattan, com sede em Paris, França. Tenho um compromisso com todos os entrevistados. Por isso, peço-lhes desculpas antecipadas pela demora, mas vai sair. Tomara que dê tudo certo.

Mas em rápidas palavras, o patuá, que outrora foi muito falado, foi aos poucos extinguindo-se para chegar hoje a um número tão exíguo de falantes que, reunidos, cabem em apenas uma sala de aula sendo que parte deles vive no Brasil. Portanto, os falantes de patuá na própria cidade de Macau é menor ainda do que 100.

História

Nascido em 1953, Carlos passou toda sua existência em Macau. Filho de pai português e mãe macaense, Coelho pertencia à comunidade lusófona daquela cidade, isto é, os filhos e netos de portugueses com mulheres orientais. Trata-se de uma comunidade mestiça que adotou o idioma português e mantinha uma vida muito ligada à cultura portuguesa, mesmo a um quase planeta de distância.

Segundo Rogério Luz e a teatróloga Mariazinha Carvalho, da comunidade macaense de São Paulo, Carlos era uma autoridade em patuá, pois “falava fluentemente o dialecto como se fosse a língua do dia-a-dia.”

O patuá é uma língua quase morta, literalmente na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Não é mais uma língua comum nas ruas. Raros a falam (se é que falam). O motivo é simples: os falantes mais fluentes faleceram. Encontrar alguém com quem conversar em crioulo tornou-se raridade tanto na Macau dos dias de hoje como também entre a comunidade de imigrantes macaenses que se estabeleceram em São Paulo.

Carlos era um apaixonado pelo patuá que, para ele, carregava todo o espírito da antiga cidade de Macau, uma “ilha de Português” dentro da China, onde o Ocidente fundiu-se com o Oriente formando uma dialética da região que não é nem Portugal nem a China, mas um novo mundo e uma nova cultura chamada “macaense”.

OBS: Macau não é uma ilha, mas uma península.

Aprendizado

Segundo contou-me Carlos, em nossa entrevista via facebook, o patuá já estava em vias de extinção na década de 1960. O avançar dos anos ao longo das décadas de 1970 e 1980 foi colocando paulatinamente no caixão cada um dos falantes que ainda podiam papear em crioulo com total fluência e com os quais o jovem Carlos, ao contrário do desprezo geral, aperfeiçoava-se no conhecimento da língua.

Sim, Carlos interessou-se pelo idioma que infelizmente sofria preconceito. O patuá era considerado um “português mal falado”. Tanto é que a mãe de Carlos, dª Adolfina Gracias, proibia-o de se expressar nessa língua. Isso estendia-se na escola. Segundo Carlos, os professores ralhavam com os alunos flagrados usando o crioulo alegando que, se continuassem assim, jamais iriam aprender a falar bem o português. Era exatamente o mesmo argumento de sua mãe.

Apesar de ser falante do patuá, a mãe de Carlos só conversava em português com ele e seu irmão.

Carlos teve o primeiro contato com o crioulo com sua avó materna, Maria Cecília Gracias, falecida quando ele era bem jovem. Coelho evitava falar patuá na presença de sua mãe, mas foi aprendendo o idioma porque seus tios Luís Gracias (Tio Lolô) e Maria Gracias da Luz, além de seu primo Tarcísio Gracias da Luz (o Chicho-Gordo) e a tia de sua mãe, Ana Maria Gracias Chan (Chat-Ku ou Auntie Annie), com os quais tinha frequente contato, falavam o citado idioma.

O crioulo nunca foi ensinado nas escolas de Macau. O desprezo não permitia sequer que o idioma aparecesse numa página ou numa coluna nos jornais lusófonos daquela cidade.

Se tivesse um curso, uma escola ou algum grupo de estudos do patuá, Carlos certamente frequentaria, mas não havia. Então, para aperfeiçoar-se no idioma, Coelho passou a procurar as “nhonhas”, ou seja, aquelas senhoras idosas que falavam o idioma fluentemente.

“Quando tinha a oportunidade e quando as ocasiões proporcionavam a oportunidade, eu falava com as poucas senhoras macaenses que ainda viviam. Então para mim era como um grande acontecimento e uma grande festa. Vibrava por dentro e adorava que a conversa nunca mais acabasse. Na conversa utilizava o patuá que aprendera, e ao mesmo tempo aprendia mais termos que já não me lembrava ou que nunca tinha aprendido. Ia assim acrescentando mais palavras ao que já sabia deste dialecto. Adorava ler os livros e artigos em patuá do autor José dos Santos Ferreira (Tio Adé) que tive o prazer de conhecer pessoalmente quando ainda criança e depois já quando era crescido”, contou.

Carlos mencionou José dos Santos Ferreira (1919-1993), o poeta Adé. Trata-se do “Pai do Patuá”. Adé passou a publicar livros escrevendo poesias e crônicas nesse idioma advogando a ideia de que o crioulo é uma língua tão bela quanto o português e que pode ser preservada e cultuada artisticamente, pois contém a “Alma Profunda de Macau”.

Carlos foi influenciado por Adé como também muitos macaenses, que antes viravam o nariz para esse idioma, passaram a ter olhos mais compreensíveis e menos preconceituosos com relação ao crioulo após conhecerem a obra do mencionado poeta.

Mas isso não foi suficiente para salvar o idioma. “Triste é saber que com o passar dos tempos esse dialecto aos poucos irá cada vez sendo menos falado”, dizia Coelho.

Permanecendo

Em dezembro de 1966, Carlos, na época um adolescente de 13 anos, foi testemunha de uma grande onda de imigração de cidadãos macaenses que partiram para o Brasil, Estados Unidos, Canadá e Austrália.

O que provocou essa onda foi tanto a possibilidade de uma invasão militar da China, na época governada pelos comunistas de Mao Tse-Tung (1893-1976) como também a falta de empregos e crise econômica na região.

A família de Carlos permaneceu e Macau aos poucos melhorou e transformou-se numa próspera cidade.

Difundindo o idioma

Na década de 1990, Carlos ingressou no grupo de teatro Doçi Papiaçam di Macau (trad.: “Doce falar de Macau”, o título de um famoso poema de Adé.

Por causa de sua fluência fora do comum, tornou-se ator. Atuou por certo tempo e depois desligou-se.

Para manter a língua, Coelho passou a publicar crônicas em patuá usando a tecnologia da Internet. Se antigamente a difusão dava-se por livros e jornais, Coelho via no facebook a sua “editora”.

E assim Carlos contribuiu para manter viva a língua.

A notícia de seu falecimento deixou-me com pesar no coração. Em primeiro lugar, por ele em vida não ter visto o livro no qual dediquei um importante capítulo para registrar sua história e zelo pelo idioma, além de toda uma sorte de contribuições. Carlos explicou-me detalhes culturais, sociológicos e antropológicos de Macau, cidade que não conheço pessoalmente. Com o livro, queria dar-lhe alegria, sem dizer que seria uma sorte de agradecimento.

Em segundo, por ele se tratar do “Último Moicano”, isto é, parodiando o título do famoso romance de Fenimore Cooper (1789-1851), por ser talvez o último que falava o patuá “como se fosse uma língua do dia-a-dia”.  Sexta-feira, 19 de janeiro de 2018. Quem sabe, junto com Carlos, foi também a data da morte do “Doçi Papiaçam di Macau” (refiro-me não ao grupo de teatro, mas sim a como o poetá Adé referiu-se ao idioma).

Não existe língua “bonita”, “feia”, “rica” ou “pobre” ou o adjetivo que seja. Todas as línguas expressam a universalidade da vida. O que leva uma língua à riqueza é seus falantes.

Carlos Coelho fez sua parte.

Qui bom conhecê vôs. Que Deus o proteja e que os anjos iluminem seu caminho! Descanse em Paz! Ozias Alves Jr – Brasil in “JB Foco”

Para ler os escritos de Carlos Coelho em Patuá de Macau colecionados por Ozias Alves Jr aceda aqui