Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

domingo, 10 de setembro de 2017

Moçambique - Produção de veículos eléctricos catapulta grafite

A produção de veículos eléctricos no mundo poderá atiçar a procura de grafite em Moçambique, um minério-chave nos ânodos das baterias de iões de lítio que alimentam aquele tipo de viaturas. A grafite é, desse modo, uma commodity que pode vir a catapultar a mineração e a economia moçambicana, nos próximos anos, e já se perfilam duas concessões mineiras na corrida.

A revolução dos automóveis eléctricos pode vir a ser mais incisiva do que os governos e as companhias de petróleo acreditam. Uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance sugere que haverá maiores reduções nos preços das baterias, e que durante a década de 2020, os veículos eléctricos vão-se tornar uma alternativa mais económica do que os automóveis a diesel ou gasolina na maioria dos países.

Numa autêntica senda de mudança de veículos, o Reino Unido já anunciou que vai banir os automóveis movidos a gasolina e diesel, no seu território, até 2040. Como a vida útil dos motores a gasolina e diesel geralmente não excede os 10 anos, o objectivo do governo britânico é retirar os veículos que usam essas motorizações das vias de circulação até 2050.

Na França, o ronco do motor movido a combustível também tem os dias contados. Tudo porque também o Governo francês anunciou que não irá vender mais veículos movidos a diesel ou gasolina até ao mesmo período (2040). Paralelamente, houve outros países que se revelaram ainda mais drásticos nas suas decisões. A Índia e a Alemanha pretendem ter uma frota 100% eléctrica 10 anos antes, ou seja, em 2030 e a Noruega em 2025.

A previsão mostra que as vendas de veículos eléctricos em todo o mundo vão crescer de forma constante nos próximos anos, do recorde de 700 mil unidades em 2016 para 3 milhões até 2021. Aliás, estudos prevêm que as vendas de veículos elétricos venham a alcançar as 41 milhões de unidades até 2040, representando 35% das vendas de novos carros ligeiros. A partir da observação dos movimentos de grandes empresas automobilísticas, um relatório da Consultora Morgan Stanley de 2016 estima que em 2025 os carros eléctricos já representem 15% do mercado mundial, ao passo que actualmente eles representam apenas 0,86%.

Esta mudança projectada entre o presente ano e 2040 terá certamente implicações que irão além do mercado de automóveis. A pesquisa estima que o crescimento dos veículos eléctricos irá representar um quarto dos automóveis nas estradas até essa data, substituindo 13 milhões de barris de petróleo bruto por dia, mas utilizando 1900 KWh de electricidade. Valor esse que seria o equivalente a cerca de 8% da demanda global da electricidade em 2015.

Este cenário demonstra claramente a perda de terreno do petróleo perante a energia eléctrica, com o recurso ao uso das baterias. E a ajudar à revolução eléctrica nos automóveis, eis que os custos das baterias de ion-lítio (usadas nesses engenhos) já caíram 65% desde 2010, chegando ao valor de US$ 350 por KWh, esperando-se que chegue a atingir os US$ 120 por KWh até 2030.

Boom” dos automóveis eléctricos coloca grafite moçambicana em alta

A demanda de grafite deverá aumentar 500 por cento nos próximos 10 anos devido ao crescimento exponencial esperado no mercado de veículos eléctricos, segundo David Flanagan, director da Battery Minerals.

De acordo com a West Australian, Flanagan diz que o projecto ‘Montepuez Graffite’ da sua empresa em Moçambique está preparado para fazer parte da solução global de fornecimento. Isto porque o grafite é um ingrediente-chave nos ânodos das baterias de iões de lítio que alimentam os veículos elétricos.

A Battery Minerals espera iniciar a construção do seu projecto, investindo entre 57 a 67 milhões de dólares no primeiro semestre de 2018, com as primeiras exportações previstas para os primeiros quatro meses de 2019.

Por seu turno, a Syrah Resources pretende fazer com que a sua exploração mineira de Balama “seja o maior produtor mundial de grafite a um preço baixo, ultrapassando a China, e colocando num mercado em expansão um produto de elevada qualidade”.

A concessão de Balama, que cobre uma área de 106 quilómetros quadrados, fica localizada a 265 quilómetros da cidade de Pemba (Cabo Delgado). Segundo o seu último relatório (Julho-Agosto de 2017), a construção do projecto encontra-se em 90% e é expectável que a primeira actividade venha a ter lugar em Outubro.

Tendo em conta as oportunidades expostas, Moçambique precisa de se preparar para mais um desafio, além do carvão e do gás natural. In “Revista Capital” - Moçambique

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