Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Macau – Camilo Pessanha uma aproximação à língua chinesa



Uma homenagem a Camilo Pessanha, o “maior poeta simbolista português”, será prestada por Carlos Marreiros no ano em que se assinala o 150º aniversário do nascimento do autor de Clepsidra.

Enquanto artista plástico, Carlos Marreiros está a criar uma instalação artística, na figura de um galo, para “chamar a atenção do público em geral para o Camilo Pessanha”. “É uma peça com mais de três metros de altura que sugestiona um galo, intitulada Camilo Pessanha no Ano do Galo”, explicou. A esta coincidência acresce a forte relação que existe entre o escritor e o território, lugar por ele escolhido para “refugiar-se do seu amor sofrido, por causa da paixão pela Ana Osório de Castro”.

“Foi aqui que foi professor, juiz substituto, escritor, intelectual, interveniente e uma figura bastante excêntrica”, recordou Carlos Marreiros.

A instalação, de traço geométrico, sugestiona um galo mas de forma “bastante abstracta”. Sob o galo estão desenhos de Carlos Marreiros e ainda textos originais de Carlos Morais José e Yao Jingming. De certo modo, indicou, a peça divulga não só o poeta como faz o “ponto de contacto” com o Ano Novo Lunar do Galo neste “labirinto que é a vida do Camilo Pessanha”.

Associada à peça propriamente dita, está também a ser pensada a introdução de dramatizações e récitas simples, bem como a distribuição de Clepsidra em língua chinesa – uma forma de falar de Camilo Pessanha também em chinês. O Yao Jingming traria autores para dizer a poesia dele [Camilo] em língua chinesa, tanto Cantonense como Mandarim. É com isso que se consegue uma interactividade com o público, e que o nome dele chegue mais longe”, destacou.

Ainda que não haja um calendário previsto, a peça irá ficar durante um período ainda por definir em três locais do território, estrategicamente pensados: Largo do Senado, Praça Triangular da Areia Preta terminando no Albergue SCM. Segundo Carlos Marreiros, o objectivo de levar a obra até à Areia Preta deve-se ao facto de ser uma das zonas mais populosas de Macau e com “camadas economicamente mais débeis”. “A ideia é precisamente levar a cultura ao povo”, vincou.

“Tenho sempre a preocupação de comunicar com os chineses e outras etnias que vivem em Macau porque há coisas tão bonitas que são feitas pela comunidade portuguesa mas que ficam só entre nós”, acrescentou o também arquitecto.

Além disso, enfatizou, “Camilo Pessanha era bom demais para o seu tempo e era incompreendido pelo seu tempo”, pelo que a população, incluindo a chinesa, “deve rever-se numa figura que, aliás, é tão próxima”.

Segundo Carlos Marreiros, ainda não há data prevista para a inauguração da instalação móvel. No entanto, o arquitecto ressalvou que a sua obra não faz parte do programa de comemoração dos 150 anos do nascimento do poeta português que decorre até quinta-feira no Edifício do Antigo Tribunal, ainda assim não deixa de ser uma outra forma de homenagem com a qual Carlos Morais José concordou. Catarina Almeida – Macau in “Jornal Tribuna de Macau”

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