Pintura Arq. Eduardo Moreira Santos, Lx (28.08.1904 - 23.04.1992)

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Portugal – Energia eólica em força no mercado externo

A Prewind é uma empresa dedicada à prestação de serviços de previsão na área da energia, essencialmente direcionada para o setor das energias renováveis. Fundada em 2010, a Prewind tem o compromisso de melhorar a qualidade dos seus serviços, recorrendo ao apoio das instituições do sistema científico nacional. João Sousa, dá-nos a conhecer os projetos desenvolvidos, bem como algumas perspetivas de investimento para o setor.

Como é que surgiu este projeto?

Surgiu com base num projeto de investigação realizado em Portugal, financiado a 100 por cento por iniciativa privada (consórcio empresarial composto por empresas promotoras de parques eólicos em Portugal). O desenvolvimento foi assegurado por um consórcio universitário composto pela FEUP / CEsA, INESC Porto, INEGI, FCUL / IDL, com o objetivo de desenvolver modelos de previsão da produção de eletricidade de base eólica e operacionalizar um sistema de previsão da produção de parques eólicos. Desde então, temos vindo a prestar serviços de previsão na área da produção eólica em Portugal e no estrangeiro. Este ano constituímos uma empresa no Brasil para apoiar na prestação destes serviços no mercado sul-americano.

Em que medida é que estes serviços se tornam uma mais valia para quem os utiliza e para o meio ambiente?

Os recursos naturais, como o sol e o vento, apresentam uma variabilidade e por isso precisamos de conhecer antecipadamente a evolução da produção com origem nestas fontes renováveis para possibilitar a gestão da rede elétrica, reduzir os custos de operação do sistema elétrico e otimizar o planeamento das ações de operação e manutenção de cada central eólica. Desta forma. podem-se obter taxas de penetração elevadas e reduzir os custos operacionais envolvidos. Adicionalmente, os serviços de previsão podem ser utilizados no planeamento das ações de operação e manutenção, otimizando a produção de energia.

Na sua opinião faltam incentivos pela parte do governo para que mais empresas apostem nesta área?

Em 2016 (janeiro a agosto) a produção de eletricidade de origem renovável em Portugal representou cerca de 64 por cento (segundo a APREN), tendo-se obtido em 2015 o valor de 55 por cento. Nos últimos dez anos quase duplicamos o peso das Fontes de Energia Renovável (FER) na eletricidade, dependendo dos anos hidrológicos. Em alguns meses do ano atingimos taxas superiores a 80 porcento e ainda há bem pouco tempo, em maio deste ano, atingimos quatro dias consecutivos em que o consumo de eletricidade foi totalmente satisfeito pelas FER. Somos apontados internacionalmente corno um exemplo a seguir. Portugal está a assistir ao resultado de uma política energética, denominada de Programa E4, implementada pelo Governo de António Guterres, pela mão do então Secretário de Estado do Ministério da Economia Eduardo Oliveira Fernandes e pelo Ministro da Economia Luís Braga da Cruz. Entretanto. com o novo paradigma das redes inteligentes e com o aparecimento da mobilidade elétrica, surgirão novas oportunidades e o país deve-se preparar para essa revolução — a descarbonização do setor dos transportes e a eficiência energética. Apesar de sermos pequenos somos um exemplo a nível mundial na matéria da energia. Temos bons engenheiros, boas empresas e uma boa cultura. Temos que capitalizar este conhecimento, internacionalizando todo nosso saber em prol de um ambiente melhor de urna economia sustentável e um mundo mais verde.

Qual será o rumo que o país vai tomar no que diz respeito à produção de energia?

Infelizmente, acho que o país vai optar pelo fotovoltaico porque é a tecnologia que neste momento está a 'inundar' o mercado. Gostaria que Portugal aproveitasse o potencial das pequenas centrais hídricas, com uma maior contribuição para a economia nacional e tendo em consideração que cerca de 75 a 80 por cento do potencial ainda está por explorar neste país. Digo isto porque em Portugal ainda não se construiu um cluster industrial forte no fotovoltaico, como se fez no eólico. Daqui a algum tempo alguns parques eólicos irão atingir a sua maturidade, pelo que será possível duplicar ou até triplicar a capacidade instalada, tendo em consideração a evolução da tecnologia. Acho que o país deve estudar quais as tecnologias de transformação de energia que lhe permitem uma maior: qualidade ambiental, geração de emprego, redução da dependência externa (seja energética ou económica), captação de investimento e incorporação da económica nacional (redução de importações e aumento de exportações), mantendo um mix energético equilibrado.

E relativamente ao futuro da Prewind? Que investimentos e objetivos a cumprir estão previstos no vosso plano de atividades?

O nosso objetivo neste momento passa por consolidar o mercado brasileiro e reforçar a nossa atuação na Europa. Para além disso, vamos tentar explorar novos mercados como o chinês e o americano, que têm crescido exponencialmente, e com os quais já temos a decorrer alguns projetos - piloto. In “Revista Business Portugal” - Portugal



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